quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
Folhas verdes
Não é Outono, é Inverno.
Não é Natal, é fim de ano, início de novo ano.
Desço a Avenida sigo meia rotunda de Entrecampos, viro… quase em frente e desemboco na Estados Unidos da América. Percorro-a, como em todos os dias…, mas hoje há qualquer coisa de diferente nela, ao mesmo tempo uma quietude e uma vigorosa vida percorre-a.
Absorta nos meus pensamentos, sigo com cuidado o veículo, que me antecede, à espera que as luzes vermelhas se acendam e lá meta o pé no travão. O vermelho cai, e automaticamente reduzo para a velocidade mais baixa, o verde acende. Enquanto o sigo reparo em algo, diferente, harmonioso até…
Teimosamente ainda persistem folhas nas árvores que rodeiam a via, umas caem desamparadas outrora resistentes, mas acabam também elas por renunciar à vida, está na sua hora. Todos temos a nossa hora. As outroras folhas que resistiam, permanecem agora na via por onde tenho passado nestes últimos meses, outrora verdes, hoje vejo-as mortas tapeteando o alcatrão que piso. Mas hoje ganham outra vida, um espectáculo de beleza simples, sem nada de sensacional, mas que hoje parece particularmente sublime. Observo, observa tu também quando tiveres tempo…, ou então se poderes fotografa, isso, fotografa envia-me uma foto deste raro fenómeno de beleza… As folhas mortas, ganham vida, no nosso movimento do dia-a-dia, levantam novo voo… à passagem das nossas viaturas, rodopiam nas rodas, dançam no vento do movimento, à medida que sigo na estrada. Reparo em tão estranho belo fenómeno, como é que um simples esvoaçar de folhas secas e mortas, ganha tão espectacular vida? Esvoaçam na direcção do meu vidro e saem das rodas que me precedem. Simplesmente irreal, pena não poder fotografar este momento. Parece digno de uma cena de contos de fadas… Mas não, passa-se em plena Avenida dos Estados Unidos da América onde passo todos os dias. Hoje bastou apenas olhar…, o que me trouxe esta pequena rara beleza…. Se puderes olha, fotografa e envia-me cristalizado esse momento belo.**
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