Ainda gosto de receber mimos teus mãe…
No outro dia, como já é habitual lá nos encontramos as duas no sofá da cozinha. Tu de óculos postos e as mãos serpenteantes na agulha de renda, com a qual esboças os mais variados desenhos, flores, animais, formas geométricas, padrões que dão vida a uma tolha de mesa, colcha de cama ou um simples naperon. Renda que a minha avó, tua mãe te ensinou na luz trémula de uma candeia.
Eu ali ao teu lado, a ler um dos meus livros, mas hoje não leio, hoje por mais que tente chego ao fim da página e não me lembro do que falava três páginas atrás, os pensamentos fogem-me como folhas no vento. Não consigo. Fecho o livro… e aconchego-me no sofá…
Hoje deito a cabeça no teu colo, como fazia há anos atrás todos os dias. Nem consigo descrever o carinho que sinto simplesmente de assim estar, ao sentir o calor do teu corpo, os movimentos ágeis das tuas mãos, o som da televisão de fundo, o teu cheiro,
tudo me é familiar… sinto-me realmente bem assim.
Conseguiria fechar os olhos e permanecer assim para sempre na eternidade. Hoje precisava de sentir-me protegida, precisava de sentir que me amas, que ainda cuidas de mim… eu também te amo e digo-o todos os dias com o meu olhar, mesmo quando dizemos coisas menos boas uma à outra… **
2 comentários:
Conforme os anos vão passando, parece-me que é cada vez mais difícil existirem esses momentos.. é como se fosse abrindo um conflito continuo que não dá lugar a demonstrações de afecto filha-mãe... apesar de ele existir
Adorei este post
Realmente ler este post é, sem dúvida, a melhor forma de começar o dia. É tão simples demonstrar que se gosta de alguem. Parabéns pelo post e muito obrigado pelo comentário no meu blog.
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